De volta de intercâmbio, bresciense recomenda experiência

O bresciense Gilberto Batisti Junior, 20 anos,  estudante do 6º semestre de Engenharia Civil da Univates, esteve por um ano estudando na The Catholic University of America, na capital Washington DC. De julho de 2014 a agosto de 2015, Gilberto viveu no campus da universidade, período em que conheceu uma nova cultura, fez novas amizades e trouxe para casa uma nova visão sobre seu próprio país. 
Veja na entrevista a seguir, o que o estudante tem para contar.
 
JNB - Como foi a adaptação? Idioma, amizades, cultura de lá...  
Gilberto - A adaptação foi mais tranquila do que esperava, pois conheci um pessoal já na ida aos EUA que também ganharam bolsa e estudaram fora durante esse período, e a fase de adaptação acabou passando despercebida. Desses bolsistas, que também vinham do Brasil, consegui criar várias amizades, que também se estendem em nível profissional. As amizades estrangeiras, principalmente americanas, são em menor número, já que existe toda aquela relação de ser estrangeiro e tal. Mas consegui bons amigos americanos, especialmente quando realizei meu estágio no final do programa onde passei tres meses basicamente falando somente com americanos. A cultura dos EUA é diferente, como todos sabem, e principalmente comparando ao que vivemos no Brasil. Eles são mais disciplinados e organizados, porém são menos sensatos e por vezes há muito preconceito na sociedade americana.
JNB - Onde tu morou? 
Gilberto - Morei no próprio campus da The Catholic University of America, em Washington D.C. durante toda a minha passagem. Isso facilitava muito os estudos, infelizmente não temos isso por aqui.   
JNB - Passou por alguma dificuldade? Nos estudos, na adaptação, saudade... 
Gilberto - Bem, para poder ir de cara ao exterior sem medo algum, tive que ignorar temporariamente que haveria dificuldades, e elas logo apareceram. O estudo exigiu muito que eu me esforçasse no inglês, e as leituras, redações e apresentações também levaram um tempo pra acostumar. Como minha bolsa cobria desde passagem, despesas com comida e estadia e até a faculdade, eu não tinha do que reclamar, e a adaptação foi rápida, visto que era minha terceira cidade em três anos. Como vinha há tempo morando “fora de casa”, a saudade era facilmente controlável. E caso fosse necessário, uma ligação pra casa com a tecnologia de hoje era muito prática.  
JNB - Como é a rotina de estudos lá? Diferente da daqui? 
Gilberto - A experiência que tive com educação lá fora me faz tirar o chapéu. Eles cobram muito mais – desde leituras extensas todos os dias como artigos durante a semana – e exigem pontualidade e eficiência. Contudo, um trabalho feito por completo tem grandes chances de render a nota máxima, e aproveitei isso ao meu favor. Saí de lá com a média 3,84 na escala 4, um aproveitamento de 96%. Achei interessante que eu tinha a possibilidade de escolher quais cadeiras cursar – o que já era novidade pra maioria dos brasileiros de lá – em vários turnos do dia. Isso resultava em uns 30 horários durante a semana para escolher quando estudar. Estudava uma ou duas aulas por dia, tinha as refeições no refeitório do campus e logo corria pra casa pra fazer as tarefas. Outra diferença de lá é que costumam – pra não dizer exigem – usar roupa formal em apresentações nas salas de aula e em todas feiras de profissões. Logo, era comum ver colegas – e também eu – andando engravatados em determinadas épocas do semestre.  
JNB - Em termos de estudos, valeu a pena? 
Gilberto - Toda minha passagem por lá valeu muito a pena, e afirmo isso pois foi algo complicado de decidir, já que tive que deixar um cargo público para trás, no qual vinha trabalhando havia um tempo. Seguindo conselhos de um professor daqui, fui pra lá com a ideia de fazer somente cursos que eu não encontrasse aqui. Caso contrário, não havia o porquê de estudar fora. Nessa lógica, escolhi cursos de Empreendedorismo, Business, e tive a liberdade de cursar as cadeiras de mestrado de Engenharia Civil da universidade, que foram metade de todas que estudei lá. Não somente o aprendido em aula, mas também os ensinamentos da experiencia em geral, me revelaram novos pensamentos e formas de ver as coisas. E isso com certeza é algo que me convence sempre de que o estudo lá valeu a pena. 
JNB - O que tu trazes desta experiência? Recomenda? 
Gilberto - Desde antes mesmo da minha ida, venho tentando convencer amigos e colegas a tentarem um intercambio. O que vivi lá fora é algo que me fez conhecer melhor o mundo, ver como as outras culturas são, e que tudo é tão perto e possível de se fazer. Consigo dizer, hoje, que não somos piores nem melhores que ninguém, mas que também ninguém é igual. Aprendi que se quero uma coisa ninguém irá trazê-la se eu não for buscar, e também me dei por conta que o problema no Brasil é de falar “o brasileiro é o problema” sem se tocar quem somos. Tudo isso te é mostrado em um simples mês no exterior, não importa onde. Por isso recomendo que todos busquem uma experiencia dessas também. Não precisa nem sair do país, pra dizer a verdade. O que vale é ver algo novo, ou melhor, diferente do que achamos que é.
JNB - O que está fazendo agora? 
Gilberto - Desde o meu retorno estive focado plenamente nos estudos. Como cheguei com quase tres semanas de atraso ao semestre letivo da Univates, onde estudo, precisei me dedicar para colocar as coisas em dia. Mas daqui pra frente não se resumirá a somente isso. Para curto prazo arranjarei um novo emprego e tentarei me “meter” em mais coisas no meio acadêmico. O foco será me formar o quanto antes, já que de forma interessante este último ano pouco conta para meu curso, e não excluo a chance, de maneira alguma, de agarrar outra oportunidade no exterior que apareça. Bem como, me expressando principalmente a estudantes, fico à disposição para ajudar sobre qualquer questão que envolva desde estudos na universidade como oportunidades no exterior. Quero que todos possam passar pelas coisas boas que os estudos e também um intercâmbio podem oferecer, como aconteceu comigo.
 

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