A arte de trançar com vime preservada

Uma antiga arte, cultivada por diferentes povos, em diferentes épocas, continua a ser mantida em Nova Bréscia. A confecção de artigos em vime, especialmente cestas e balaios, vem sendo desenvolvida pelos amigos e vizinhos Aquilino Manica, 79 anos, e Alcides dos Passos, 76 anos.
Há 13 anos, quando Alcides veio morar no centro de Nova Bréscia, vindo de Caçador, é vizinho de Aquilino, que também mudou-se para Nova Bréscia, vindo de Linha Manica, em Coqueiro Baixo. 
Aquilino conta que há cerca de 30 anos se interessou pela arte de trançar em vime e não parou mais.
- Comecei fazendo capa para garrafões, sozinho, pegando um pronto como exemplo. Depois, comecei a fazer cestas e balaios, também olhando um pronto e tirando o modelo – conta Aquilino.
Quando veio para Nova Bréscia, trouxe o passatempo junto e fazia as cestas no pátio de casa. O vizinho Alcides se interessou e aprendeu a trabalhar com a vime também, seguindo os ensinamentos de Aquilino.
Desde então, os amigos produzem, anualmente, cerca de 100 artigos em vime.
- Já chegamos a fazer mais de 200 num ano só – conta Alcides.
A vime, matéria-prima para a confecção dos artigos, é colhida em agosto e setembro. Os artesãos contam que têm alguns pés na propriedade de Aquilino e outros na propriedade do vizinho Itelvino Pedó. Além disso, também recebem material de pessoas que trazem a vime para que os artesãos façam alguma peça e, em troca do serviço, deixam o material que sobrar para os dois usarem.
Depois de colhida, a vime precisa ser trabalhada antes de ser trançada. É preciso tirar a casca da planta e deixá-la “murchar”, ficando maleável para ser trabalhada. Depois, os artesãos começam a trançar a vime, fazendo primeiro a base.
- Usamos vime mais resistente e em vários sentidos, para deixar o fundo da cesta ou do balaio bem forte. Depois, colocamos algumas vimes no sentido vertical, para, depois, trançar outros ramos no sentido horizontal até a altura desejada – explica Aquilino.
Depois de feita esta parte, a peça precisa ficar de 15 a 20 dias, conforme o tempo e temperatura, esperando para ser finalizada. Somente depois disso é que as últimas tranças são feitas e a peça é finalizada, tudo sem nenhum tipo de material, exceto a vime.
- Não é usado nenhum tipo de cola ou material para unir as vimes. Elas somente são amarradas e trançadas. Depois de prontas, também não passamos nenhum produto, ficam com a cor natural da vime – conta Alcides.
Ao finalizar a cesta, há muito pouco desperdício de material, sendo que a vime é usada geralmente na sua extensão natural, a qual mede cerca de dois metros de comprimento.
Eles afirmam que trabalham na produção dos artigos porque gostam e para passar o tempo. Aquilino e Alcides produzem cestas, balaios, capas para garrafões, arranjos para vasos de flores, cestas para banheiro e cestas decorativas.
 

Asfalto para o interior

As obras de asfaltamento da estrada para as Linhas Tigrinho Alto e Baixo está com um trecho concluído.
O primeiro quilômetro está pronto, realizado pela empresa vencedora da licitação, Construtora Centro Norte Ltda da cidade de Vila Maria/RS pelo valor de R$ 979.091,16. A estrada está com asfalto e pintura finalizados.
O segundo trecho da obra, também já licitado, está em andamento. Atualmente a empresa responsável pela obra está na fase de colocação de material. A empresa vencedora deste trecho da obra é a Construtora Giovanella Ltda pelo valor de R$ 1.906.860,24. A extensão desta parte da obra é de 1.733,46 m.
A intenção da Administração Municipal é continuar as obras de asfaltamento para o interior do município. Inclusive, um projeto para asfaltar parte da estrada para Linha Estefânia já foi encaminhado ao governo do Estado.

A ação da doula junto às gestantes

As gestantes de Nova Bréscia e região passaram a contar com um novo serviço recentemente. Ainda pouco conhecida na região, a profissão de “doula” ganhou uma profissional no município.
Tamires Cigolini Ferreira, 26 anos, formou-se no curso para doula no final de 2020 e, desde o início de 2021, vem atuando. Ela conta que sempre teve interesse nos assuntos relativos à gestação e, através da internet, conheceu a profissão de doula.
Tamires conta que o papel da doula, através de encontros presenciais ou virtuais, é passar informações, esclarecer os medos, deixar a gestante e seu acompanhante seguros e cientes ao máximo de tudo que irá e do que poderá acontecer durante o parto. Ela dá dicas para o trabalho de parto, preparando a gestante, fisicamente e emocionalmente.
 
 
- Quando a mulher entra em trabalho de parto, a doula é chamada e vai até a casa desta família para tranquilizá-los até o momento ideal de ir para o hospital. Chegando no hospital, a doula entra no quarto junto com a gestante e o seu acompanhante. Ali, permanece por tempo indeterminado, auxiliando com movimentos, posições, massagens, banhos e técnicas não farmacológicas para alívio das dores. O acompanhante participa ativamente também: com as dicas da doula ele fica mais tranquilo em auxiliar, tornando-se mais participativo e sem tanta pressão, podendo aproveitar mais o momento. Após o parto, a doula também pode atuar em questões de pós-parto, puerpério, amamentação e exterogestação – relata Tamires, sobre a rotina de atendimento da doula.
 
Para exercer a profissão, ela fez, em agosto de 2020, presencialmente, o curso para doulas em Caxias do Sul, no Instituto Árvore da Vida, quando teve aulas teóricas e práticas. Depois, continuou os estudos no formato online, sobre assuntos complementares, como primeiros socorros, atuação em hospitais e amamentação.
Tamires conta que a doula atua tanto em partos normais como em cesarianas. 
- A palavra doula vem do latim e significa “mulher que serve”. Independente da forma de nascimento escolhida ou resultada, todas as mulheres merecem ser servidas por uma doula. Doular vai muito além da via de nascimento, e essa mulher precisa estar preparada, segura e informada de todo o processo do gestar e parir – esclarece.
As gestantes podem contratar o serviço da doula diretamente com a profissional, bem como os médicos também podem indicar o serviço. Tamires esclarece que o serviço da doula é independente da forma em que a mulher vai ter o bebê.
- O interesse por ter uma doula parte da gestante, independente do seu plano de saúde ou convênio. Ou seja, uma mulher pode ganhar bebê com médico plantonista e também levar a sua doula - relata.
Dentre os benefícios de ter uma doula durante seu parto, Tamires cita que com uma doula, a gestante terá informação no tempo certo, conhecerá a fisiologia da gestação e do parto, se sentirá mais segura, empoderada e forte.
- Terá alguém que a escuta e conversa sobre seus medos. Conhecerá cada fase do trabalho de parto, terá acompanhamento físico e emocional permanente para alívio das dores no trabalho de parto – diz.
Tamires criou uma página nas redes sociais para falar da profissão e dar dicas às mamães. 
- No @doula.tamires (Instagram) eu posto conteúdos informativos e meus bastidores. Na biografia da minha página tem um link, o qual direciona ao meu WhatsApp, para quem quiser entrar em contato.

A rotina de uma enfermeira na linha de frente

A pandemia pelo coronavírus mudou a vida de todos, limitando atividades e ações. Todos, de alguma forma, sentimos o impacto que uma pandemia causa no nosso dia a dia.
No entanto, uma das classes mais impactadas pela doença é a dos profissionais de saúde. Eles estão trabalhando, há um ano, sem descanso, para ajudar as pessoas acometidas pela Covid-19.
Um destes profissionais é a enfermeira Patrícia da Rocha, 43 anos, natural de Encantado, mas que viveu em Nova Bréscia dos 16 aos 20 anos, quando morou com o pai, Cacildo Rocha. Ela é enfermeira com pós graduação em docência e atua no Hospital Bruno Born e Colégio Evangélico Alberto Torres. Ela atua há 22 anos na enfermagem, sendo 15 como enfermeira e sete anos como auxiliar e técnica de enfermagem. Além do hospital, também atua no Colégio Evangélico Alberto Torres (CEAT), no curso técnico de enfermagem.
Antes da pandemia, Patrícia atuava no setor de internações clínicas do hospital. Com a chegada do vírus, ela passou a atuar como enfermeira da internação Covid-19, local em que está desde o início da pandemia.
- Normalmente, trabalhamos em plantões de 12h, mas, atualmente, devido à demanda de pacientes, estamos fazendo horários extras para que todos possam estar recebendo atendimento adequado – relata Patrícia.
Ela conta que a rotina no hospital mudou completamente.
- O nosso paciente normalmente é totalmente dependente de nós, pois muitos não podem sair da cama por estarem com fluxo alto de oxigênio e por desestabilizarem rapidamente após qualquer esforço. São auxiliados na alimentação, na higienização, precisamos estar alertas o tempo todo, pois muitos não conseguem nos chamar e apresentam piora repentina. Trabalhamos em equipe formada por nós enfermeiros e técnicos de enfermagem, médicos, psicólogas, fisioterapeutas, nutricionistas e, quando necessitamos, também dispomos de fonoaudióloga e assistente social.
Um dos maiores temores destes profissionais é levar a doença para suas famílias. Para evitar isso, Patrícia conta que toma todos os cuidados de higienização, tomando banho antes de sair do hospital e novamente ao chegar em casa.
- A máscara passou a ser a minha companheira fiel - revela.
Com a chegada da vacina, os profissionais da saúde puderam sentir-se mais protegidos. Patrícia foi a primeira pessoa de Lajeado a ser vacinada.
- Fui escolhida para receber a primeira dose da vacina por ser uma das primeiras enfermeiras a estar na linha de frente da Covid-19, e também por ser uma das enfermeiras com mais tempo de casa (Hospital Bruno Born). Quando recebi a notícia, me senti grandemente honrada – conta a enfermeira.
Como enfermeira de linha de frente, Patrícia conta que o trabalho é bastante desafiador, já que, no começo, se sabia pouco sobre o vírus, como seriam os sintomas apresentados pelos pacientes, dúvidas em relação à sua própria segurança.
- Hoje, mesmo com mais conhecimento de como manejar esses pacientes, ainda temos algumas inseguranças. Mas com todos os desafios, é muito gratificante ver nosso paciente indo para sua casa, voltando para sua família, tomando as rédeas da sua vida novamente. Poder receber de volta aquele que levamos para UTI, que ficou entubado por algum tempo, é muito recompensador. Eles têm que confiar na gente sem nos conhecer e sem ver nossos rostos. Só conseguem ver nossos olhos e ouvir a nossa voz. O toque, que é uma forma de conforto ao paciente, é de mãos enluvadas. Se nos virem na rua, não vão nos reconhecer, a não ser pela voz. Fui reconhecida por uma paciente um dia. Ela disse: Tu é a enfermeira, não é? Reconheci tua voz”. Acredito que temos que fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, para proporcionar o melhor conforto possível ao nosso paciente. E é por isso que estamos aqui e que ficaremos até o fim.
Aos brescienses, Patrícia fala:
- Cuidem-se, o vírus é devastador, usem máscara, lavem as mãos frequentemente, usem álcool em gel e, acima de tudo, evitem aglomerações. Os hospitais estão lotados, as UTIs estão lotadas. Nós precisamos da colaboração de todos para passarmos por isso. Com certeza, se todos colaborarem, mais rápido isso vai passar e assim poderemos voltar as nossas vidas normais. Precisamos de empatia, nos colocando no lugar do outro. Ao fazer isso, com certeza estaremos colaborando para o achatamento da curva dessa pandemia – finaliza Patrícia.
 
 “Saber que posso fazer a diferença na vida das pessoas me serve de combustível para a realização profissional e pessoal. Fomos desafiados, sim, mas estamos enfrentando com muita garra e sabedoria. Cansados, também estamos, porém a energia emanada de orações que recebemos, nos fazem cada vez mais fortes”. 
 
Patrícia da Rocha, filha de bresciense, atua desde o início da pandemia na linha de frente do Hospital Bruno Born.
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